terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MST: sem conhecimento da história pela pura invasão pela invasão

Até quando vamos ver, ouvir e ler sobre as invasões criminosas de grupos como MST e outras tantas siglas...o objetivo parece sempre muito nobre: dar terra a quem quer terra. A pergunta que fica é: quer terra para que?? surrupiar propriedade alheia para não lhe dar o devido trato, é estupidez. Nesse artigo, Xico Graziano conta com muita propriedade e sensatez na análise, a invasão de um horto em Rio Claro. Como ele mesmo afirma: uma tragédia!

Diferentemente das manchetes que circulam tão iguais todos os dias pelo jornais, esse é um assunto muito nosso e que quando estampa a primeira página é para associar-se às sessões policiais. Pois, deveria estar nas páginas da economia, quando essa invasão e tantas outras esconde questões institucionais mal resolvidas, regras do jogo pouco objetivas e que claro, têm impacto danoso ao direito de propriedade e portanto, às bases de uma economia desenvolvida.

Link para o artigo de Xico Graziano

http://www.xicograziano.com.br/artigos/466/berco-invadido

terça-feira, 14 de abril de 2009

De volta!! em tempos de renovação!

olá a todos!! Demorei mas estou de volta!! Dizem que no Brasil o ano começa depois do carnaval..para este blog foi diferente..ele voltou à vida depois das comemorações da Páscoa, o que me pareceu uma boa data, já que segundo os seguidores de Cristo e do judaismo a Páscoa é o tempo de renovação! Portanto, vamos remover os velhos hábitos e recomeçar nem que seja revendo os hábitos antigos para estabelecer novas metas e idéias!

Para iniciar gostaria de dividir com vocês um texto muito interessante com as observações do ex-presidente do BNDES sobre o impacto da crise no Brasil. Tirem suas conclusões e comentem!

Matéria de Claudio Leal - estado de sao paulo - 11 de março

A possibilidade de cortar a taxa de juros, com o objetivo de estimular o crédito, é um trunfo do governo brasileiro. No diagnóstico do ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Carlos Lessa, os juros altos foram a "desgraça" do País nas últimas duas décadas, mas um corte, em meio aos redemoinhos da crise mundial, pode reanimar a economia.

O PIB brasileiro recuou 3,6% no quarto trimestre de 2008, a maior retração desde 1996. Em tom diferente do adotado no início das turbulências, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, declarou que os números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que "a economia brasileira não está imune à crise no mercado globalizado." O Conselho de Política Monetária (Copom) do BC define a taxa Selic nesta quarta-feira.

Em entrevista a Terra Magazine, o economista Carlos Lessa estima como "previsível" a queda do PIB. "A ideia de que o Brasil ficaria incólume à crise mundial é absolutamente disparatada", critica. "Mesmo agora, o (Guido) Mantega está dizendo que o Brasil será o primeiro País a sair da crise. O Meirelles disse a mesma coisa. Tudo isso é mentira."

Lessa identifica "instrumentos e potencialidades" para o Brasil se recuperar em condições melhores que outros países. E aponta quatro pontos favoráveis, com a ressalva de que os rumos da política econômica do governo Lula não vão produzir os resultados esperados:

1 - "Nós temos bancos públicos. Não é necessário estatizar bancos, basta reforçar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o BNDES, o Banco do Nordeste, o Banco da Amazônia, alguns bancos estaduais que sobraram, e você tem um setor público financeiro suficientemente forte para segurar as coisas."

2 - "O Brasil está com uma taxa de juros elevadíssima. O mundo inteiro já baixou. Isso foi a nossa desgraça nesses últimos 20 anos. Mas agora é uma vantagem. Porque talvez o Brasil seja o único país do mundo que, baixando os juros, estimula o crédito. Os outros países não podem mais fazer isso. Nós não estamos no fundo do poço dos intrumentos de crédito, uma coisa que já aconteceu na Europa e nos Estados Unidos."

3 - "O Brasil tem uma estrutura produtiva que foi muito depredada por conta da política neoliberal nesses últimos 20 anos. Porém, as competências ainda existem no Brasil. Nós não perdemos as gerações. Podemos, com relativa facilidade, recuperar amplos segmentos industriais que se atrofiaram e desapareceram."

4 - "Finalmente, o País não tem nenhum problema sério de suprimentos internos de matérias-primas. Nós só temos problemas de suprimento em alguns metais, tipo cobre... Mas é pouco. Nós estamos bem em alimentos e matérias-primas. O Brasil tem condições de enfrentar melhor essa crise do que a maior parte dos países. Agora, a política que está sendo adotada não vai produzir esses resultados."

Ontem, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), criticou os juros "estratosféricos" e afirmou que o País já vive uma recessão. Lessa equilibra:

- Tecnicamente, é o seguinte: quando um País atravessa dois trimestres com queda na taxa de crescimento, é dito que o País está numa recessão. Quando o País passa disso, é dito que entrou em depressão. Isso é um problema de terminologia. Realmente, a indústria brasileira vem passado mal desde novembro do ano passado. Como nós já estamos em março e ela não dá sinais significativos de recuperação, é provável que nós já estejamos em recessão. Mas nada de surpreendente - define.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Perspectivas para 2009!!

Tenho lido e ouvido as mais diversas discussões sobre o que será de 2009! Há de um lado os mais pessimistas que acreditam em um ano novo repleto de problemas velhos e agravados e há aqueles que acreditam que depois de uma tempestade vem à bonança.

Devemos analisar essa questão não pelo todo mas por partes. A crise atinge os setores da economia de forma diversa e portanto, não há como afirmar categoricamente que todos estarão em maus lençois em 2009. É verdade que a economia real, ou seja o meu ganho pão, o emprego do meu vizinho, as vendas na empresa do meu marido, podem sim estar compremetidas ou na melhor das hipóteses estarão estáveis sem os invejáveis picos que tivémos em 2008! Em um mesmo ano conseguimos atinguir recordes em diversos setores e depois uma brutal queda na confiança que atingiu a bolsa de cheio!

Setores primários como siderurgia e agropecuária sofrerão um impacto considerável. O primeiro, já pode ser analisado pela queda nas vendas da gigante VALE. Já são 1500 funcionários demitidos e certamente muitos contratos a menos, considerando a desacelareção do mercado internacional, incluindo o mundo maravilhoso da China. Já a agricultura, historicamente e pela sua própria natureza, é afetada pelos humores do mercado de commodities. Um grande mar revolto e indomável! A questão chave desse setor é como fazer fluir crédito para os produtores que em anos anteriores expandiram continuamente suas lavouras. As fontes secaram e falo daquelas que realmente importam para o agricultor, o financiamento privado advindo das relações comerciais com tradings, indústrias de insumo, e processadores. Desde 2005 esse crédito já representava 30% do que é demandado pelo setor, sendo complementando com o crédito a taxas preferenciais repassado por bancos, principalmente Banco do Brasil, cooperativas e cooperativas de crédito. Esse crédito, de natureza limitada, não será facilmente acessado, ainda que tenham sido feitos esforços do governo em ampliar as exigibilidades. Os bancos, da sua parte, em um cenário de incerteza e enorme possibilidade por parte dos produtores de inadimplirem, aumentarão a exigência de garantias e reduzirão a oferta. O que resta ao produtor é usar seu capital próprio e estabelecer boas relações contratuais com a indústria afim de garantir venda e preço.

Olhando no micro universo das classes sociais, os impactos são tão diversos quanto no âmbito das indústrias. A salvação da pátria parece estar nas camadas mais baixas ainda não atingidas pelo desemprego e de certa forma, alienadas das discussões político-econômicas que acaloradamente ocorrem nas classes mais altas. Enquanto há emprego, há o churrasquinho no final de semana. Oxalá permita que isso não acabe tão cedo!

A minha perspectiva é da otimista crente na mão invisível do mercado empresarial. Aí está a nossa saída: o comprometimento do empresariado em descobrir alternativas para driblar mais uma crise. Afinal, para quem já viveu os diversos planos das décadas de 80 e 90, essa pode ser chamada literalmente de mais uma crise!

Bom ano de 2009 a todos!!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Uma pausa de reflexão sobre a tragédia em Santo André

É verdade que muito já se falou nesse caso...coisas sensatas e outras nem tanto. Tudo mundo se pergunta como essas tragédias acontecem...quando na realidade essas tragédias são correqueiras em comunidades que muitos de nós não temos acesso..mas essa veio á tona.. e por isso, é um bom momento para refletirmos.

Sou professora e convivo com jovens. Na dinâmica da sala de aula, já me deparei com as mais diversas situações, boas e ruins..mas com o passar dos anos eu e muitos outros professores se assustam com a falta de limite dos nossos alunos. Onde tudo isso começa? Não importa se a escola é particular ou privada, o que é importa é a família, origem de tudo: moral, valores, amor, carinho, atenção, afeto, noções de cidadania, ética..e por ai vai..a pergunta que fica para nós professores é sempre a mesma: será que esse estudante não foi exposto á regras de algum tipo? será que é só aqui que ele se mostra arredio? mas aqui entra um velho ditado que sempre escutei na minha família: o que se faz em casa, se leva para fora dela, sejam coisas boas ou ruins.

O texto abaixo coaduna com a minha opinião e pode ser uma outra forma de olharmos esse acontecimento.

Boa leitura!


O que pode criar um monstro? O que leva um rapaz de 22 anos a estragar a própria vida e a vida de outras duas jovens por… NADA? Será que é índole? Talvez, a mídia? A influência da televisão? A situação social da violência? Traumas? Raiva contida? Deficiência social ou mental? Permissividade da sociedade? O que faz alguém achar que pode comprar armas de fogo, entrar na casa de uma família, fazer reféns, assustar e desalojar vizinhos, ocupar a polícia por mais de 100 horas e atirar em duas pessoas inocentes? O rapaz deu a resposta: 'ela não quis falar comigo'. A garota disse Não, não quero mais falar com você. E o garoto, dizendo que ama, não aceitou um não. Seu desejo era mais importante. Não quero ser comparado como um desses psicólogos que infestam os programas vespertinos de TV, que explicam tudo de maneira simplista e falam descontextualizadamente sobre a vida dos outros. Mas ontem, enquanto não conseguia dormir pensando nesse absurdo todo, pensei que o não da menina Eloá foi o único. Faltaram muitos outros nãos nessa história toda. Faltou um pai e uma mãe dizerem que a filha de 12 anos NÃO podia namorar um rapaz de 19. Faltou uma outra mãe dizer que NÃO iria sucumbir ao medo e ir lá tirar o filho do tal apartamento a puxões de orelha. Faltou outros pais dizerem que NÃO iriam atender ao pedido de um policial maluco de deixar a filha voltar para o cativeiro de onde, com sorte, já tinha escapado com vida. Faltou à polícia dizer NÃO ao próprio planejamento errôneo de mandar a garota de volta pra lá. Faltou o governo dizer NÃO ao sensacionalismo da imprensa em torno do caso, que permitiu que o tal sequestrador conversasse e chorasse compulsivamente em todos os programas de TV que o procuraram. Simples assim. NÃO. Pelo jeito, a única que disse não nessa história foi punida com uma bala na cabeça. O mundo está carente de nãos. Vejo que cada vez mais os pais e professores morrem de medo de dizer não às crianças. Mulheres ainda têm medo de dizer não aos maridos (e alguns maridos, temem dizer não às esposas). Pessoas têm medo de dizer não aos amigos. Noras que não conseguem dizer não às sogras, chefes que não dizem não aos subordinados, gente que não consegue dizer não aos próprios desejos. E assim são criados alguns monstros. Talvez alguns não cheguem a sequestrar pessoas. Mas têm pequenos surtos quando escutam um não, seja do guarda de trânsito, do chefe, do professor, da namorada, do gerente do banco. Essas pessoas acabam crendo que abusar é normal. E é legal. Os pais dizem: 'não posso traumatizar meu filho'. E não é raro eu ver alguns tomando tapas de bebês com 1 ou 2 anos. Outros gastam o que não têm em brinquedos todos os dias e festas de aniversário faraônicas para suas crias. Sem falar nos adolescentes. Hoje em dia, é difícil ouvir alguém dizer não, você não pode bater no seu amiguinho. Não, você não vai assistir a uma novela feita para adultos.
Não, voce não vai namorar com 12 anos ainda não é a hora.Não, você não vai fumar maconha enquanto for contra a lei. Não, você não vai passar a madrugada na rua. Não, você não vai dirigir sem carteira de habilitação. Não, você não vai beber uma cervejinha enquanto não fizer 18 anos. Não, essas pessoas não são companhias pra você. Não, hoje você não vai ganhar brinquedo ou comer salgadinho e chocolate. Não, aqui não é lugar para você ficar. Não, você não vai faltar na escola sem estar doente. Não, essa conversa não é pra você se meter. Não, com isto você não vai brincar. Não, hoje você está de castigo e não vai brincar no parque. Crianças e adolescentes que crescem sem ouvir bons, justos e firmes NÃOS, crescem sem saber que o mundo não é só deles. E aí, no primeiro não que a vida dá ( e a vida dá muitos ) surtam. Usam drogas. Compram armas. Transam sem camisinha. Batem em professores. Furam o pneu do carro do chefe. Chutam mendigos e prostitutas na rua. E daí por diante...Não estou defendendo a volta da educação rígida e sem diálogo, pelo contrário. Acredito piamente que crianças e adolescentes tratados com um amor real, sem culpa, tranquilo e livre, conseguem perfeitamente entender uma sanção do pai ou da mãe, um tapa, um castigo, um não. Intuem que o amor dos adultos pelas crianças não é só prazer - é também responsabilidade. E quem ouve uns nãos de vez em quando também aprende a dizê-los quando é preciso. Acaba aprendendo que é importante dizer não a algumas pessoas que tentam abusar de nós de diversas maneiras, com respeito e firmeza, mesmo que sejam pessoas que nos amem. O não protege, ensina e prepara. Por mais que seja difícil, eu tento dizer não aos seres humanos que cruzam o meu caminho quando acredito que é hora - e tento respeitar também os nãos que recebo. Nem sempre consigo, mas tento. Acredito que é aí que está a verdadeira prova de amor. E é também aí que está a solução para a violência cada vez mais desmedida e absurda dos nossos dias.

fonte: blog.mafaldacrescida.com.br

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

As notícias confirmam: chegou a hora e a vez da América Latina

Cabe ao governo e às suas lideranças, em conjunto com a oposição, liderarem reformas institucionais que permitam que esses países possam participar efetivamente de uma nova era de oportunidades.

No Brasil, é preciso que essas reformas atinjam o nosso sistema judiciário, sistema de infra-estrutura e de transportes e sistema tributário! Além de uma tão esperada reforma nas contas públicas!


Latino-americanos vão lidar melhor com a crise, diz FMI
22/10/2008 - 14h41
Cassia Godoy - band news fm

A América Latina e o Caribe vão crescer 3% este ano, e os países da região vão lidar melhor com a atual crise financeira do que em oportunidades anteriores graças à melhora de a estrutura macroeconômica. As afirmações foram feitas hoje por representantes do Fundo Monetário Internacional. Por outro lado, o fundo ressalta que a economia mundial continua sendo afetada pelos efeitos drásticos e crescentes da crise financeira e a volatilidade dos preços internacionais das matérias-primas. O FMI destacou a importância de manter a inflação sob controle e enfatizou que os bancos centrais têm que estar em permanente comunicação com os mercados para enfrentarem os desafios com as medidas de política monetária adequadas. No caso dos Estados Unidos, o FMI prevê que a recuperação deva começar no segundo semestre de 2009 "e será mais gradual do que outras recuperações, em razão do caráter excepcional do ajuste dos preços dos ativos".

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Adeus à economia neoclássica??

Apresento à vocês um artigo que reflete sobre a atuação das correntes de pensamento da economia comtemporânea sobre os fatos presentes e passados.

Estamos no caminho certo? Mais regulação ou menos regulação? mercados de capitais devem ser deixados à sua livre espontânea dinâmica ou devem ser observados de perto por governos liberais?

Essa crise leva-nos a repensar os preceitos e normativas da economia neoclássica. O que importa, e o que temos visto, são as regras do jogo, como já pregava Coase em 1937.

Boa Leitura!



Adeus à revolução neoclássica
Robert Skidelsky

A ameaçadora quebra do Lehman Brothers e a venda forçada do Merrill Lynch, dois dos maiores nomes das finanças, marcam o fim de uma era. Mas, então, o que virá a seguir?Os ciclos de modas econômicas são tão antigos como os ciclos econômicos e normalmente são causados por profundos distúrbios na atividade empresarial. Os ciclos "liberais" são seguidos por ciclos "conservadores", que dão lugar a ciclos "liberais" e assim por diante.Nos Estados Unidos, ciclos liberais são caracterizados por intervenções do governo e ciclos conservadores, pelo recuo do governo. Um longo ciclo liberal estendeu-se dos anos 30 aos 70, seguido por um conservador, de desregulamentação econômica, que agora parece ter chegado ao fim. Com a estatização de dois gigantescos bancos hipotecários dos Estados Unidos, Fannie Mae e Freddie Mac, na seqüência de outra nacionalização também promovida neste ano, a do britânico Northern Rock, os governos começaram a intervir de novo, para evitar a dissolução do mercado. Os dias entorpecentes da economia conservadora acabaram - por ora.Cada ciclo de regulamentação e desregulamentação é desencadeado por crises econômicas. O ciclo liberal passado, associado à política do "New Deal" do presidente Franklin Roosevelt e do economista John Maynard Keynes, foi acionado pela Grande Depressão, embora ainda fossem necessários os volumosos gastos governamentais da Segunda Guerra Mundial para que entrasse na marcha apropriada. Durante os 30 anos de era keynesiana, os governos no mundo capitalista geriram e regularam suas economias para manter o pleno emprego e moderar as flutuações econômicas.O ciclo conservador seguinte foi despertado pela inflação da década de 70, que pareceu ser produto das políticas keynesianas. O guru econômico dessa era, Milton Friedman, sustentava que a busca deliberada pelo pleno emprego estava fadada a alimentar a inflação. Os governos deveriam concentrar-se em manter o dinheiro "sadio" e deixar a economia tomar conta de si mesma. A "nova economia clássica", como ficou conhecida, ensinava que, na ausência das rudes interferências do governo, as economias gravitariam naturalmente para o pleno emprego, maior inovação e melhores índices de crescimento.

A crise atual do ciclo conservador reflete a acumulação maciça de dívidas de difícil recuperação, tornada visível após o debacle das hipotecas de má qualidade, que se iniciou em junho de 2007 e agora se disseminou para todo o mercado de crédito e afundou o Lehman Brothers.

"Pense um uma pirâmide invertida", escreve o executivo de banco de investimento Charles Morris. "Quando mais se reivindica sobre a produção real, mais cambaleante fica a pirâmide".Quando a pirâmide começa a tombar, o governo - isto é, os contribuintes - precisam intervir para refinanciar o sistema bancário, reanimar os mercados hipotecários e evitar o colapso econômico. No entanto, quando o governo intervém nessa escala, costuma ficar por um longo tempo.

O que está em questão aqui é o dilema sem solução mais antigo da economia: as economias de mercado são "naturalmente" estáveis ou precisam ser estabilizadas pela política? Keynes enfatizava a fragilidade das expectativas sobre as quais se baseia a atividade econômica em mercados descentralizados.

O futuro é intrinsecamente incerto e, portanto, a psicologia do investidor é volúvel."A prática da calma, da imobilidade, da certeza e segurança, de repente se rompe", escreveu Keynes. "Novos medos e esperanças assumirão, sem aviso prévio, o controle da conduta humana". Este é uma descrição clássica do "comportamento de manada" que George Soros identificou como característica predominante dos mercados financeiros. É tarefa do governo estabilizar as expectativas.

A revolução neoclássica sustentava que os mercados eram muito mais estáveis ciclicamente do que Keynes imaginava, que se pode saber de antemão os riscos em todas as transações de mercado e que os preços sempre refletirão probabilidades objetivas.Tal otimismo em relação ao mercado levou a uma desregulamentação dos mercados financeiros nos anos 80 e 90 e à subseqüente explosão de inovações financeiras, que tornaram mais "seguro" captar empréstimos de somas cada vez maiores respaldadas em ativos com altas previsíveis.

A bolha de crédito, recém-estourada, alimentada pelos chamados "veículos de investimento estruturado" (SIVs, na sigla em inglês), derivativos, "obrigações garantidas por outros títulos" (CDOs) e classificações de risco de crédito "AAA" ilegítimas, foi construída a partir das ilusões de modelos matemáticos.


Ciclos liberais, dizia o historiador Arthur Schlesinger, sucumbem à corrupção do poder; ciclos conservadores, à corrupção do dinheiro.

Ambos têm seus custos e benefícios característicos.Contudo, se olharmos para os antecedentes históricos, o regime liberal dos anos 50 e 60 foi mais bem-sucedido do que o regime conservador que o sucedeu. Com exceção da China e Índia, cujo potencial econômico foi desatado pela economia de mercado, o crescimento econômico foi maior e muito mais estável na era dourada keynesiana do que na era de Friedman; seus frutos foram distribuídos de forma mais eqüitativa; conservou-se melhor a coesão social e hábitos morais. São vantagens importantes para levar-se em conta diante certa lentidão econômica.A história, é claro, nunca se repete exatamente. Hoje há sistemas de interrupção da negociação em bolsas para evitar um desabamento no estilo de 1929.

Mas quando o sistema financeiro, deixado à própria sorte, fica congelado, como ficou agora, somos claramente encaminhados a uma nova rodada de regulamentação. A indústria ficará livre, mas as finanças serão mantidas sob controle.Os ciclos das modas econômicas mostram como a economia está longe de ser uma ciência.

Não se pode pensar em nenhuma ciência natural na qual a ortodoxia oscile entre dois pólos. O que dá à economia a aparência de uma ciência é que suas proposições podem ser expressas matematicamente, abstraindo-se de muitas características decisivas do mundo real.


A economia clássica da década de 20 abstraiu o problema do desemprego, supondo que não existia. A economia keynesiana, por sua vez, abstraiu o problema da incompetência e corrupção das autoridades, supondo que os governos eram administrados por especialistas benevolentes e oniscientes. A "nova economia clássica" de hoje abstraiu o problema da incerteza, supondo que poderia ser reduzida a riscos mensuráveis (ou contra os quais se podia proteger).Afora um ou outro gênio, os economistas moldam suas suposições para que se adaptem ao estado das coisas atual, e então as cercam de uma aura de verdade permanente. São mordomos intelectuais servindo aos interesses dos que estão no poder, e não observadores vigilantes da realidade em mutação. Seus sistemas os prendem na ortodoxia.

Quando os eventos, por algum motivo, coincidem com seus teoremas, a ortodoxia que adotaram goza seu momento de glória. Quando os fatos mudam, torna-se obsoleta. Como escreveu Charles Morris, "intelectuais são indicadores confiáveis com atraso, guias quase infalíveis do que costumava ser verdade

Fonte: desenvolvimento em foco, No. 30., 16/10/2008

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A crise e seus efeitos perversos no mercado de papéis!

Os preços das ações são o indicativo mais preemente da crise!

Parece que as últimas ações do bancos centrais das grandes economias não foram suficientes para resgatar a confiança dos investidores que continuam a precificar as ações abaixo dos seus níveis normais! Vejam um gráfico auto explicativo da The Economist!



Enquanto os efeitos são perversos nos papéis, a economia real começa a dar sinais de desaquecimento. Em outras palavras, o pão nosso de cada dia começa a ficar mais e mais suado!
Segundo a jornalista a Miriam Leitão, depois de cubrir várias crises econômicas no mundo, há duas máximas nessas ocasiões:
1. Nunca subestime uma crise e
2. Toda crise encontra seu fim!
Vamos confiar para que esse fim chegue logo com boas perspectivas para uma rápida recuperação!